Monday 26 September 2011

De volta aos números


Imagem retirada do website do Público
Tem toda a razão o Secretário de Estado da Cultura quando diz “não acho justo que uma companhia, um encenador ou produtor não manifeste preocupação com as questões de público” (ler notícia). Mas é logo aqui que acaba a sua razão. Porque a preocupação não se comprova apenas e em primeiro lugar nos resultados de bilheteira. E porque a ‘criação de públicos’ se tornou nos últimos tempos em mais um conceito politicamente correcto e vazio.

Sinto-me cada vez menos confortável com a expressão ‘criação de públicos’. Porque vem reforçar a postura de ‘deus’, de ‘guardião’, que muitos de nós que trabalhamos no sector cultural assumimos. Somos os donos das instituições, sabemos (nós, e só nós) o que é que ali se deve apresentar, o que tem qualidade, interesse, valor. O que é que os outros, os ‘públicos’ que pretendemos ‘criar’, devem ver e apreciar.

Sabemos muita coisa, é verdade. Não deveríamos estar a trabalhar nesta área se não soubéssemos. Mas existe muito conhecimento, muitas experiências, muitas visões e formas de fruir das artes e da cultura também do ‘outro lado’, no meio desse ‘público’ que está aí fora, que existe e com o qual não estabelecemos ainda um contacto. Por isso, quando penso nestas questões agora, gosto cada vez mais de palavras como ‘participação’ ou ‘envolvimento’.

No seguimento disto, manifestar preocupação com as questões de público não significa, em primeiro lugar, ter em conta os resultados de bilheteira. Porque, em primeiro lugar, uma companhia ou um encenador ou um produtor não manifesta preocupação quando não está consciente ou insiste em ignorar as particularidades do meio sócio-cultural onde se insere; quando não está em contacto com as diferentes realidades ali existentes, com a arte e a cultura que se cria e que se consome nos vários meios; quando faz sempre… aquilo que sempre fez, sem adaptação nenhuma a novas tendências ou necessidades; quando encara a Comunicação como um acessório, por vezes ‘inevitável’; quando está concentrado na criação, como deve, mas sem interesse ou disponibilidade para considerar os timings necessários para se poder comunicar ao mundo exterior (aquele que queremos que venha comprar bilhetes…) qual é o sonho, a aspiração, o que está a ser feito, como e com quem; quando se recusa a dar entrevistas, quando não vai ao programa X ou Y (por considerar que representa a ‘baixa cultura’), quando faz os meios de comunicação esperar, quando não permite que se filme ou se tirem fotografias nos ensaios, quando não colabora na calendarização das entrevistas e dos ensaios de imprensa (tal como se calendarizam outros aspectos, de ordem técnica ou de produção). Uma companhia, um encenador ou um produtor não manifestam preocupação com as questões de público quando não querem entender que não basta criar, é preciso comunicar também. Faz parte do seu trabalho.

Mas porque eu não valorizo apenas os resultados de bilheteira dos teatros e dos cinemas, mas também os dos museus, penso que não se deve deixá-los de fora nesta reflexão. Porque também um director de um museu ou um curador não pode deixar de manifestar preocupação com as questões de público. E não manifesta preocupação quando, tal como outros profissionais da cultura, está concentrado apenas no seu museu sem considerar o meio em que o mesmo se insere; quando desconhece ou ignora as motivações, interesses, preocupações das pessoas que é suposto servir; quando não as envolve na actividade do museu; quando escreve textos (aquele meio de comunicação elementar, do qual todos os museus dispõem) que são entendidos apenas por ele próprio e pelos seus pares; quando se preocupa apenas em expor os objectos - de uma forma bonita, elegante, colocando (ou escondendo…) uma legenda mínima -, mas não disponibiliza simultaneamente aos visitantes os meios para poderem interpretar esses objectos, descobrirem a sua história, ficarem fascinados, comovidos, surpreendidos, rendidos; quando não se abrem canais para também os visitantes poderem contribuir nas escolhas, na interpretação, nas abordagens que se fazem; quando não se põe as pessoas à vontade no espaço (fisicamente, psicologicamente e intelectualmente). Museus místicos, fechados em si próprios, que comunicam apenas com quem já os conhece e os aprecia, que não sabem adaptar a sua linguagem, tornam-se em museus irrelevantes para grande parte da comunidade em que se inserem e não são ‘usados’ por ela, mesmo que a entrada seja livre ou o bilhete muito barato.

A resposta a dar quando a preocupação está relacionada, em primeiro lugar, com os números de bilheteira não é nada complicada, nem para os teatros, nem para os cinemas, nem para os museus: programa-se o que é mais popular; distribui-se mais convites; marca-se mais visitas de grupos escolares. Ou seja, estrangula-se o experimental, põe-se de lado o que for menos conhecido, acaba-se com a qualidade das visitas nos museus. Os números de espectadores e visitantes são importantes, sim. Mas antes de chegarem a ser indicadores de desempenho (e nunca o podem ser isoladamente), há muito por fazer na forma como as instituições culturais se relacionam com as pessoas. Tratemos da relação primeiro, com respeito e honestidade. E não nos esqueçamos das responsabilidades que o próprio Estado tem na construção da mesma, no que diz respeito aos objectivos que deve partilhar com os agentes culturais e aos recursos que deve disponibilizar, humanos e financeiros. Assim como não podemos esquecer que um apoio com dinheiros públicos deveria criar responsabilidades perante ‘os públicos’, nomeadamente de acesso – físico, psicológico, intelectual. A avaliação, números incluídos, é bom que se faça mais à frente e que diga respeito à prestação de todos.


Opiniões sobre recentes anúncios da Secretaria de Estado da Cultura

Pinto Ribeiro qualifica discurso de Francisco José Viegas como "nebulosamente ameaçador" (Público, 22.09.2011)
A nova Direcção-Geral do Património Cultural: recuo ou avanço? (Luís Raposo, Público 20.09.2011)

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Monday 19 September 2011

A longa distância entre Califórnia e Jerusalém

Um dos desenhos da exposição cancelada pelo MOCHA.

MOCHA (Museum of Children´s Art) é um museu em Oakland, Califórnia. Aberto desde 1989, a sua missão é assegurar que as artes sejam uma parte fundamental na vida de todas as crianças através de experiências artísticas, formação artística para educadores e advocacia pelas artes. No dia 12 de Setembro, o portal Hyperallergic noticiou (ler aqui) que o museu, sob pressão de grupos judaicos, tinha decidido cancelar a exposição A Child´s View from Gaza, que reunia desenhos de crianças palestinianas criados durante sessões de arte-terapia (alguns deles podem ser vistos aqui). O presidente do Board of Directors, numa carta aberta publicada no site do MOCHA (ler aqui), esclarecia que o museu tomou esta decisão sensibilizado pelas preocupações expressas por pais e educadores que não queriam que as suas crianças fossem confrontadas durante a sua visita com trabalhos graficamente violentos e sensíveis. O que é que o museu esperava que crianças que viveram os bombardeamentos israelitas de 2008 e 2009 desenhassem? As cenas de violência terão sido uma surpresa? No Hyperallergic comentava-se que não seria a primeira vez que o museu iria exibir desenhos de crianças com cenas de violência. O facto também de a decisão ter sido tomada menos de duas semanas antes de inauguração da exposição, faz acreditar que a razão não foi uma descoberta repentina por parte dos responsáveis que deviam rever a política de exposições no que diz respeito à representação de violência, mas sim, outro género de pressões.

Eyad Baba, Gaza, Palestine, 2009 (fotografia da exposição HomeLessHome no Museum on the Seam)
O Museum on the Seam (Museu na Costura) é um museu em Jerusalém. Está localizado na rua que separa o sector judeu na parte oeste da cidade dos bairros árabes no sector leste. Fundado em 1999, define-se como um museu sócio-político de arte contemporânea que, à sua maneira, apresenta a arte como uma linguagem sem fronteiras a fim de levantar questões sociais controversas. No centro das suas exposições temporárias encontram-se as ‘costuras’ nacionais, étnicas e económicas, no seu contexto local e nacional. Na sua declaração de missão, o museu diz ainda que está empenhado em examinar a realidade social dentro do conflito que se vive na região, em promover o diálogo em face da discórdia e em estimular a responsabilidade social baseada no que se tem em comum e não no que separa. A exposição patente neste momento, West End, explora o conflito entre Islão e o mundo ocidental e é o resultado de anos de esforços intensos para convencer artistas do Médio Oriente a expor nas suas galerias. Dos 28 artistas muçulmanos envolvidos, 7 são originários do Médio Oriente, alguns de países que proíbem qualquer relação com Israel (ler notícia aqui). No passado, o museu tinha apresentado exposições como The Right to Protest, Bare Life ou HomeLessHome, entre outras. Quaisquer que sejam as pressões que este museu possa estar a sofrer (e não devem ser poucas), não parece estar a fazer-lhes face cancelando exposições.

Gosto de pensar nos museus como espaços de confronto de ideias; espaços que nos fazem sair da nossa zona de conforto; espaços que nos confrontam com realidades que desconhecemos; e, também, espaços que geram alguma controvérsia. Não me estou a referir à controvérsia ‘barata’; nem àquela gerada pela cobardia, o silêncio ou um suposto ‘apoliticismo’. Estou-me a referir à controvérsia gerada, com inteligência e honestidade, pela expressão de opinião, pela tomada de posição, pela vontade genuína do museu em constituir um espaço de encontro.

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Lugares de encontro

Monday 12 September 2011

Construindo uma família: lições do sector social


Nos últimos anos, temos sido testemunhas da solidariedade que se gera a nível mundial quando um desastre se abate sobre um país, mesmo distante do nosso, afectando as vidas de milhares de pessoas. Poderia referir o tsunami na Indochina, o terramoto no Haiti, as cheias no Paquistão e, mais recentemente, a crise humanitária no Corno de África. Pessoas com mais ou menos dinheiro, sensíveis à dor humana, procuram contribuir, dentro das suas possibilidades, para aliviar essa dor, mas, também, para se sentirem elas próprias bem, para se sentirem humanas, úteis, solidárias. Nas últimas semanas tenho acompanhado de perto os esforços do World Food Programme (WFP) das Nações Unidas para a sensibilização da opinião pública relativamente à situação que se vive no Corno de África e para a angariação de fundos. E tenho estado a pensar que o sector cultural tem muito a aprender com o social.

Nos últimos anos, apoiei o WFP em várias ocasiões. Poucos dias depois da minha última contribuição recebi este email. Não se tratava apenas de um email de agradecimento. Era algo mais. O WFP queria informar-me sobre o impacto que a minha contribuição tinha tido no terreno; trazia-me notícias; partilhava comigo histórias pessoais; explicava-me quais os próximos passos. Tudo isto de uma forma muito pessoal, informal, clara, que pretendia, obviamente, dar ao destinatário provas tanto do empenho e eficiência da instituição apoiada, como da importância da própria pessoa que apoia este processo.

Ao mesmo tempo, o WFP comunicava com o público através do seu website e também através de posts regulares no Facebook. Partilhava notícias, boas e más; mostrava fotografias e vídeos das zonas afectadas; lembrava às pessoas de que forma poderiam ajudar (não só com dinheiro); e, em finais de Julho e durante uma semana, tiveram um colaborador em Dadaab, o maior campo de refugiados no Quénia, que fazia reportagens e entrevistas, mas também respondia a perguntas e dúvidas do público enviadas através do Facebook (veja aqui o vídeo do primeiro dia e siga depois os restantes no You Tube). Foi também nessa altura que Josette Sheeran, a responsável pelo WFP, fez uma TED Talk poderosa e profundamente inspiradora, intitulada Ending hunger now, que foi vista por milhares de pessoas.

Durante esta campanha, infelizmente longe de estar terminada, o WFP:

- lembrava constantemente e através de todos os meios e canais que tinha à sua disposição a sua missão (“O World Food Programme combate a fome em todo o mundo, salvando vidas durante emergências, enquanto constrói um futuro melhor para a próxima geração. O WFP é financiado apenas com contribuições voluntárias.”);
- partilhava a sua visão, objectivos, próximos passos;
- contava histórias do terreno;
- apresentava provas do seu trabalho e das suas intervenções;
- tinha um discurso directo, coloquial, compreensível;
- disponibilzava em todos os suportes digitais o botão “Donate” (um dos grandes objectivos), facilitando ao máximo o processo;
- não se esquecia de agradecer e… de pedir mais.

Fotos da série "Uma família chega a Dadaab", retiradas do website do WFP.
A cultura, por várias razões, não apela aos corações e às mentes da maioria das pessoas da mesma forma como a dor humana ou a falta de bens essenciais, como a comida, uma casa ou também a educação. Mas é essencial. “Porquê?”, perguntariam muitas pessoas. Pois, é mesmo esta a questão.

- Quantas instituições culturais em Portugal têm uma missão que seja algo mais emocionante do que “X é uma instituição cultural de âmbito europeu ao serviço da comunidade nacional” ou “Y é gerida por uma Fundação de direito privado e utilidade pública, que tem por fins a promoção da cultura”?
- Quantas instituições culturais usam os meios à sua disposição para, em permanência, afirmarem e partilharem com as pessoas essa missão? Ou a sua visão?
- Quantas instituições culturais comprometem-se partilhando publicamente objectivos concretos e dão feedback sobre o processo para a realização dos mesmos?
- Quantas instituições culturais contam histórias sobre o seu dia-a-dia, as pessoas que nelas trabalham ou que as frequentam, desmistificando o que se passa dentro das suas paredes e demonstrando o seu impacto?
- Quantas instituições culturais têm um rosto humano?
- Quantas instituições culturais falam uma língua compreensível?

Quem conseguiu resumir tudo isto com muita perspicácia e sentido de humor foi Adam Thurman, fundador da organização Mission Paradox e Director de Comunicação do Court Theatre em Chicago, num discurso intitulado Power and the Arts, que tive a oportunidade de ver na semana passada. Na verdade, uma palestra inspiradora sobre o poder da comunicação na forma como nos relacionamos com outras pessoas, com os nossos ‘públicos’. Na forma como criamos a nossa ‘família’ e fazemo-la crescer.

Foi também na semana passada que a Casa Conveniente tomou uma iniciativa que, pelo que sei, é inovadora em Portugal (mas acredito que o futuro das nossas instituições culturais passe mesmo por aqui): lançou no Facebook a campanha Ser mecenas da Casa Conveniente por €12. Os amigos da Casa Conveniente reagiram imediatamente e, como seria de esperar, muito positivamente. Vão apoiar com esta pequena quantia (ou mais até) e vão espalhar a palavra. Porque acreditam no projecto; porque é algo que os move; porque querem que continue a proporcionar-lhes momentos únicos, inesquecíveis; e porque querem fazer parte dele. Penso que o próximo passo para a Casa Conveniente deveria ser comunicar com aqueles que não a conhecem: partilhar a sua visão; mostrar a sua acção; e demonstrar o seu impacto. E para isso, penso que seria uma boa ideia ‘usar’ também os seus amigos, mais e também menos conhecidos, registando e partilhando os seus pensamentos e os seus sentimentos sobre o projecto. Pessoas (e não instituições) a partilhar com outras pessoas aquilo que as move. E assim a família vai crescendo.


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Mais leituras

Monday 5 September 2011

(I)mobilidade

E.Hopper, People in the sun. Smithsonian Museum of American Art.
Um corpo que não se move está em descanso, estático, imóvel, estacionário, diz-se em física.

I

A maioria dos apoios à mobilidade no sector cultural é normalmente dirigida a artistas e curadores. Muitos outros profissionais da cultura (os que trabalham na área da gestão, comunicação, educação, etc.) - que sentem igual necessidade em investir na formação contínua ao longo da sua vida profissional, conhecer colegas de outros países, promover projectos de cooperação - raramente são contemplados. No início de Agosto fui informada que a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) tinha lançado a II Convocatória de Ajudas à Mobilidade. Alguns dos objectivos anunciados: ajudar criadores, gestores, promotores e profissionais ibero-americanos da cultura que queiram enriquecer o seu trabalho mediante o conhecimento de outros contextos profissionais que permitam o intercâmbio nos distintos âmbitos culturais do espaço ibero-americano; fortalecer o trabalho desenvolvido pelas instituições públicas; estimular a construção de uma cultura de paz, centrada no intercâmbio, no diálogo intercultural e na cooperação, favorecendo um conhecimento melhor das diferentes realidades culturais ibero-americanas. No entanto, só se podiam candidatar pessoas que tivessem uma nacionalidade ibero-americana. Dados os objectivos anunciados pela OEI, será a nacionalidade dos candidatos relevante? Deveria ser uma condicionante? Num mundo onde as pessoas, os profissionais da cultura, viajam constantemente, desenvolvem cada vez mais a sua actividade em países diferentes dos de origem, colaboram em projectos internacionais, faz sentido, no âmbito de uma iniciativa como a da OEI, excluir candidatos que não tenham uma nacionalidade ibero-americana? É mais relevante o país que emite o passaporte do que o país e as instituições onde um profissional desenvolve durante anos a sua actividade? Coloquei estas questões à OEI por email e através do Facebook. Não obtive resposta. O prazo para a apresentação de candidaturas acabou há poucos dias.

II

Por razões familiares, uma amiga decidiu deixar o seu emprego num dos maiores museus de Londres e regressar à Grécia. Após uma ou duas colaborações de curta duração com museus em Atenas e alguns anos no desemprego, decidiu voltar a Londres e tentar novamente a sua sorte. Dentro de duas semanas tinha sido contratada por outro grande museu. Dois ou três anos depois, mudou-se para outro. Passados mais três anos, estava noutro. Todos esses postos de trabalho tinham sido publicamente anunciados, reunindo várias candidaturas. Em todos os casos tratava-se de museus nacionais.

Pensei várias vezes na minha amiga nos últimos meses, quando, em conversa com várias pessoas que trabalham no sector cultural, me apercebi da quantidade de profissionais e de instituições ‘presos’ em situações já pouco frutíferas. De um lado, pessoas que ocupam há já bastantes anos o mesmo lugar, cansadas da rotina, ansiosas para enfrentar novos desafios; do outro lado, instituições que atravessam também, como é natural, ciclos e que poderiam e gostariam de poder beneficiar de alguma renovação nas suas equipas.

Pensei novamente na minha amiga quando, há umas semanas atrás, soube que um lugar que não de confiança política num organismo cultural público tinha sido ‘discretamente’ ocupado por via de convite. É comum. Mas até quando? É verdade que os lugares no sector cultural são poucos. Mas é também verdade que raramente, muito raramente, as vagas são publicamente anunciadas, de forma a assegurar (e a beneficiar de) uma manifestação mais diversificada de candidaturas e, assim, a desejada movimentação e renovação, promovendo - e defendendo ao mesmo tempo - a igualmente desejada transparência e meritocracia. De qualquer forma, tanto no sector público como no privado, nem os profissionais nem as instituições ganham com esta espécie de estagnação. O que fazer quando acaba a ‘lua de mel’?

“E se houvesse um sistema de trocas de lugar”, disse a brincar a uma pessoa que está há 10 anos no mesmo lugar. E se houvesse? Um sistema público, aberto, transparente, que permitisse a troca de profissionais entre duas instituições por períodos de três anos – aquele que parece ser o tempo máximo de duração da ‘lua de mel’.